sexta-feira, 19 de maio de 2017

Vergílio Ferreira, Existencionalismo e Aparição

Vergílio António Ferreira nasceu em Gouveia no dia 28 de Janeiro de 1916 e faleceu a 1 de Março de 1996 em Lisboa. Foi um escritor e professor português. Apesar de se ter formado como professor, foi como escritor que mais se distinguiu. O seu nome continua a ser associado à literatura . Em 1992, recebeu o Prémio Camões. 

A sua obra costuma ser agrupada em dois períodos literários: Neorrealismo e Existencialismo. Podemos considerar a obra Mudança como a obra que marca a transição entre estes dois períodos.


Existencialismo - É um termo aplicado a uma escola de filósofos dos séculos XIX e XX que, apesar de possuir profundas diferenças em termos de doutrinas, partilhavam a crença que o pensamento filosófico começa com o sujeito humano, não meramente o sujeito pensante, mas as suas ações, sentimentos e a vivência de um ser humano individual. No existencialismo, o ponto de partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem designado por "atitude existencial", ou uma sensação de desorientação e confusão face a um mundo aparentemente sem sentido e absurdo. Muitos existencialistas também viam as filosofias académicas e sistematizadas, no estilo e conteúdo, como sendo muito abstratas e longínquas das experiências humanas concretas.



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Aparição - É o seu romance melhormente reconhecido que discute teorias filosóficas relacionadas com o existencialismo, escrito em primeira pessoa e publicado em 1959. A obra divide-se em três partes: o prólogo, a história (dividida em 25 capítulos) e o epílogo (que se divide em quatro partes). Segue a história do protagonista Alberto Soares quando fica colocado numa escola em Évora.



Personagens

Alberto Soares: Alberto Soares, o protagonista, procura compreender a realidade da sua existência. Busca a descoberta da pessoa que há em cada um de nós e a revelação de si a si próprio, vivendo, assim, atormentado. Este estabelece uma ligação com Sofia mas, como existencialista, não crê na paixão. Muitos acreditam que esta personagem seja o alter-ego de Vergílio Ferreira devido à forma como este narra a história.

Sofia: Tem uma face jovem, olhos vivos, "corpo intenso e maleável", mãos brancas e subtis e um maravilhoso olhar. Provocadora e sensual, o seu amor é feito de entusiasmo, de desespero e de loucura. Desde criança que se revela difícil, desafiando tudo e todos, as convenções sociais e morais e a própria vida, tentando o suicídio. Dotada de excessiva energia, preferia o absoluto da destruição. Isto pode observar-se quando a irmã parte o braço de uma boneca e ela destrói os brinquedos um a um. Sofia é uma personagem lunar, nocturna; tudo nela é enigma, com comportamentos, muitas vezes, desconcertantes.

Ana: Ana, a filha mais velha do Dr. Moura, revela-se, para Alberto, com uma enorme grandeza. Inquieta, parece, até certo momento, aceitá-lo e compreendê-lo, embora resista à sua notícia "messiânica". A sua sabedoria seduz o professor. Ana possui cabelos longos e lisos, face magra e olhar vivo. Está casada com Alfredo Cerqueira, um homem honesto e prático mas um pouco grosseiro. Lera dois livros de Alberto e sentira-se tocada pelas considerações existencialistas que neles se vislumbram.

Cristina: Uma menina de sete anos, admirável e de cabeleira loura. Tocava o "Nocturno 20" de Chopin divinamente. Cristina é só arte. É criança e não questiona ainda a vida, revelando, com a sua música, um mundo maravilhoso de harmonia. A sua inocência tornará presente "o mundo do prodígio e da grandeza". A sua música tem, para o narrador, o dom da revelação. Morre tragicamente ao regressar de Redondo, mas a sua imagem, a sua música e o silêncio da morte será, para sempre, uma amargura presente na memória de Alberto.

Carolino: Carolino, o Bexiguinha. Primo do Engenheiro Chico, é também uma personagem importante nesta ação, quer pelo louco assassinato de Sofia, quer, sobretudo, pela sua fascinação pela morte como criação.

Dr. Moura: É a personagem que se assume na diegese como elemento que fará a ligação aos outros, para depois se apagar até ao afastamento definitivo depois da morte de Cristina. É aquele que acredita em tudo sem necessidade de se interpelar.

Chico: Amigo da família Moura, é a personagem que acusa o protagonista quase desde o início da situação vivida em Évora. Poderá simbolizar a crueldade humana na facilidade com que julga os homens e as situações.

Alfredo: O protagonista no decurso diegético. Insiste em mostrar o seu lado rude. Atravessa o universo diegético como dos não eleitos, mas o protagonista conhece ainda outras facetas das personagens. Depois da morte de Sofia, é Alfredo que assegura a ligação a Alberto. Não pertencendo ao mundo dos eleitos, a sua presença é indispensável aos eleitos como forma de os perturbar.


Espaço e Tempo

Espaço Físico: A obra tem como cenário espaços importantes. Estes são Évora, Beira e Montanha. Évora surge como uma ''branca aparição'' enquanto que a Montanha é ''poética e mística''.

Espaço Social: O espaço social é constituído pelos seguintes elementos: a hierarquização social; o tipo de convívio que se estabelece entre as pessoas; os valores tradicionais; as tradições populares; as personagens-tipo. Estas personagens-tipo são Manuel Pateta, o Senhor Machado, o Reitor, Chico, Madame e Bailote.

Espaço Psicológico: É constituído pelos seguintes: as reflexões do narrador; monólogos do narrador; pelo canto de Sofia no local da morte de Cristina; pela memória do narrador.


Tempo da escrita: O narrador também é protagonista, logo, quando narra, situa-se neste tempo.

Tempo da história: Quando o narrador narra, quer a ação principal (Évora), quer a secundária (férias).

Tempo do discurso: Consiste em analepses e prolepses. O narrador não narra as ações numa ordem cronológica.


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