domingo, 13 de novembro de 2016

Cesário Verde

José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa no dia 25 de Fevereiro de 1855 e faleceu a 19 de Julho de 1886. Conhecido por seus dois últimos nomes, ele é visto como um dos predecessores  e grande influência do estilo poético realizado no século XX em Portugal.
Cesário Verde teve uma origem humilde, era filho de um comerciante e agricultor chamado José Anastácio Verde e de Maria da Piedade dos Santos Verde. Em 1873, inicia seus estudos acadêmicos no Curso Superior de Letras, mas frequenta as aulas por apenas alguns meses. Neste período, acaba conhecendo um amigo que levaria para o resto da vida, Silva Pinto, também português e escritor. Naquela época, as atividades de Cesário eram produzir muitas poesias, que acabavam sendo publicadas em periódicos, além de trabalhar no comércio, ofício que herdara de seu pai.
Cesário Verde não conseguiu escapar da doença e faleceu aos 30 anos, a 19 de Julho de 1886. Silva Pinto, em sua homenagem, organizou uma compilação com a poesia do amigo, a qual chamou-lhe de “O Livro de Cesário Verde”. Em 1901, este livro foi publicado.
Na poesia de Cesário Verde, alguns temas predominantes são o campo e a cidade. O seu estilo era delicado, pois o poeta evitava o lirismo clássico.
As características mais importantes encontradas na análise de sua obra são imagens muito visuais que tinham o objetivo de dimensionar a realidade do mundo, a mistura do moral com o físico, a combinação de sensações, comparações, metáforas, sinestesias, versos decassílabos e quadras.
Um tema recorrente nas poesias de Cesário Verde é a mulher. Apresenta dois tipos femininos, sempre atrelados aos locais em que ambienta seus versos. Na cidade, cria uma mulher calculista, madura, autodestrutiva e dominadora. A sua representação do campo, o poeta descreve mulheres pobres, feias, doentes, esforçadas e trabalhadoras.
A linguagem que Cesário Verde utiliza nos seus poemas é uma linguagem coerente e comum, sem véus de retórica, exata e sensorial. Podemos dizer que Cesário Verde era o poeta das sensações e dos sentidos.

"A Um Poeta" e "Nox" - Análises

A Um Poeta

Tu, que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno,

Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno,
Afugentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio desses mares,
Um mundo novo espera só um aceno...

Escuta! é a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! São canções...
Mas de guerra... e são vozes de rebate!

Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate.


Neste soneto, o termo "Poeta" poderá remeter para a figura de um idealista, possivelmente em consonância com o espírito da época.
A referência ao espírito do mundo romântico, lúgubre e sombrio, percebe-se quando, personificando o sol, usa a metáfora em "Afugentou as larvas tumulares" (v. 6) e "Um mundo novo espera só um aceno" (v. 8). Mas o que interessa, sobretudo, é perceber que o sujeito lírico faz um apelo a todo aquele que é capaz de sonhar, mas vive alheado e num estado de inércia quando é necessária a luta revolucionária ao lado de um povo que sofre e que busca a liberdade.



Nox

Noite, vão para ti meus pensamentos, 
Quando olho e vejo, à luz cruel do dia, 
Tanto estéril lutar, tanta agonia, 
E inúteis tantos ásperos tormentos... 

Tu, ao menos, abafas os lamentos, 
Que se exalam da trágica enxovia... 
O eterno Mal, que ruge e desvaria, 
Em ti descansa e esquece alguns momentos... 

Oh! Antes tu também adormecesses 
Por uma vez, e eterna, inalterável, 
Caindo sobre o Mundo, te esquecesses, 

E ele, o Mundo, sem mais lutar nem ver, 
Dormisse no teu seio inviolável, 
Noite sem termo, noite do Não-ser! 


Um soneto (duas quadras e dois tercetos).Como o título indica, este soneto fala sobre a noite (Nox = Noite em latim). O tema deste soneto é o desejo da libertação dirigido à noite como símbolo do apaziguamento, da evasão, do inexistir.
Nas primeiras quadras o poeta invoca a noite e faz uma oposição com o dia. Nos tercetos, o poeta tenta libertar-se do mal que aparece associado com a noite que o impede de ''ver'' e de ''lutar''. Faz uma referência à "luz cruel do dia" (v.2) em que decorreram as suas lutas.
O poeta apresenta a noite como o fim eterno, ou seja, a morte. "Noite sem termo, noite do Não-ser!" (v.14). Como se sente derrotado, o poeta espera que a noite eterna adormeça e que caia sobre o mundo.

Os Dois Anteros (Apolíneo e Dionisíaco)

A existência, na poesia anteriana, de ‘‘dois Anteros’’ é uma ideia defendida, por exemplo, por António Sérgio (1981), tendo por base a oposição entre poemas que são expressão, por um lado, de um activista defensor de ideais de renovação e revolução, e, por outro, de uma ideia pessimista e negativa, mas que, talvez, também se revista de uma aspiração positiva e libertadora.
A dicotomia sergiana, que opõe o Antero luminoso ou apolíneo ao Antero nocturno ou romântico, reporta-se a poemas que revelam uma acção combativa e um projecto de renovação e de um ideal social, e, o outro, um conflito psicológico e a aproximação ao sobrenatural, entre a euforia e a abulia, retrato de um lutador e um desiludido.
Esta concepção de ‘‘dois Anteros’’ é atribuível ao próprio poeta, que se auto-analisava, consciente da sua instabilidade psicológica, numa ansiada busca de uma unidade ordenadora.

Apolíneo:

Antero Apolíneo ou Antero Luminoso. Ilustra a tendência luminosa a uma atitude combativa e de origem romântica de defesa de um projecto social, aliado ao papel que ao Poeta cumpre desempenhar, nunca dissociando a sua condição e o seu trabalho da reflexão estética acerca da essência e da função da poesia no contexto histórico,é sinal de modernidade nas letras portuguesas.
Exemplo de Antero Apolíneo: o soneto "A um poeta".


Dionisíaco:

Antero Dionisíaco ou Antero nocturno ou romântico. O Antero Dionisíaco ilustra a tendência noturna e visam uma interpretação do espaço noturno e da forma como o sujeito poético se relaciona com a manifestação assumida à noite como expressão do absoluto.
Exemplo de Antero Dionisíaco: o soneto "Nox".

As Conferências do Casino Lisbonense

Foi um conjunto de conferências realizadas em Lisboa em 1871 que surgiu quando das reuniões do "Cenáculo" e que teve como impulsionador Antero de Quental. 
Este é o ponto mais alto da Geração de 70. Visavam abrir um debate sobre o que de mais moderno, a nível de pensamento, se vinha fazendo lá fora. Aproximar Portugal da Europa era o objectivo máximo, anunciado, aliás, no respectivo programa. Das várias conferências previstas, só se realizaram cinco, pois a partir da sexta, as conferências foram proibidas pelo governo, sob a alegação que elas atacavam "a religião e as instituições políticas do Estado". Esta proibição levantou uma enorme onda de protestos de novo encabeçada por Antero de Quental. Este espírito revolucionário e positivista dominava a maioria da jovem classe pensante.

Questão Coimbrã e Geração de 70

A Questão Coimbrã tratou-se de uma polémica literária que teve como principais conflituantes Antero de Quental e António Feliciano de Castilho. Com efeito, algumas publicações de seguidores de Castilho e a celebérrima carta deste ao editor do “Poema da Mocidade”, de Pinheiro Chagas, onde o patriarca das letras tece elogios a este escritor e o recomenda para docente da cadeira de Literatura a que Antero também aspirava, constituem o rastilho para a troca de libelos, destacando-se o folheto “Bom senso e bom gosto”, no qual Antero reclama a liberdade e autonomia do escritor e apela ao seu envolvimento social.

A Geração de 70 está associada à tomada de consciência de uma época em que a mudança e uma nova mentalidade se impõem. Por volta de 1865, um grupo de jovens estudantes coimbrões, do qual Antero é o líder incontestado, transformam-se em pensadores, artistas, historiadores, escritores, poetas e contactam com as novidades vindas de França, Inglaterra e Alemanha. Eles, rapidamente, revelam o seu inconformismo face à inércia e conservadorismo português. Na tentativa de entender o Romantismo, apercebem-se da necessidade de desenvolver uma revolução cultural porque:
O Primeiro Romantismo limitou-se aos problemas nacionais;
O Segundo Romantismo limitou-se a aprofundar o sentimentalismo levado à frustração, afastando as ideias novas da arte em geral.

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Antero de Quental

Antero de Quental, nasceu no ano de 1842, e faleceu em 1891. Foi um poeta e filósofo português, introdutor do socialismo em Portugal. Antero formou-se em Coimbra antes de partir para Paris, onde viveu uma experiência fracassada como tipógrafo. Procurava polémicas, como a da “Questão Coimbrã”, com António Feliciano de Castilho, a partir de seu opúsculo (bom senso e bom gosto) ou na questão das Conferências do Casino, em que apresentou a sua “causa da decadência dos povos peninsulares”.
Antero escreveu, inicialmente, uma poesia ("Odes Modernas", 1863) antes de se dedicar ao soneto, que escreveu ao longo da vida, desenvolvendo neles as suas ideias religiosas e filosóficas. A publicação dos sonetos completos, em 1866, com prefácio de Oliveira Martins, consagram-no como o grande poeta da Geração de 1870.
Uma vida complicada por problemas físicos e psicológicos acabou por levá-lo ao suicídio num jardim de Ponta Delgada, gesto emblemático que contribuiu para mitificá-lo com a expressão de Eça de Queirós (Um génio que era um santo.).

Adeus! (com análise)

Adeus! para sempre adeus! 
Vai-te, oh! vai-te, que nesta hora 
Sinto a justiça dos céus 
Esmagar-me a alma que chora. 
Choro porque não te amei, 
Choro o amor que me tiveste; 
O que eu perco, bem no sei, 
Mas tu... tu nada perdeste; 
Que este mau coração meu 
Nos secretos escaninhos 
Tem venenos tão daninhos 
Que o seu poder só sei eu. 

Oh! vai... para sempre adeus! 
Vai, que há justiça nos céus. 
Sinto gerar na peçonha 
Do ulcerado coração 
Essa víbora medonha 
Que por seu fatal condão 
Há-de rasgá-lo ao nascer: 
Há-de sim, serás vingada, 
E o meu castigo há-de ser 
Ciúme de ver-te amada, 
Remorso de te perder. 

Vai-te, oh! vai-te, longe, embora, 
Que sou eu capaz agora 
De te amar - Ai! se eu te amasse! 
Vê se no árido pragal 
Deste peito se ateasse 
De amor o incêndio fatal! 
Mais negro e feio no inferno 
Não chameia o fogo eterno. 
Que sim? Que antes isso? - Ai, triste! 
Não sabes o que pediste. 
Não te bastou suportar 
O cepo-rei; impaciente 
Tu ousas a deus tentar 
Pedindo-lhe o rei-serpente! 

E cuidas amar-me ainda? 
Enganas-te: é morta, é finda, 
Dissipada é a ilusão. 
Do meigo azul de teus olhos 
Tanta lágrima verteste, 
Tanto esse orvalho celeste 
Derramado o viste em vão 
Nesta seara de abrolhos, 
Que a fonte secou. Agora 
Amarás... sim, hás-de amar, 
Amar deves... Muito embora... 
Oh! mas noutro hás-de sonhar 
Os sonhos de oiro encantados 
Que o mundo chamou amores. 

E eu réprobo... eu se o verei? 
Se em meus olhos encovados 
Der a luz de teus ardores... 
Se com ela cegarei? 
Se o nada dessas mentiras 
Me entrar pelo vão da vida... 
Se, ao ver que feliz deliras, 
Também eu sonhar... Perdida, 
Perdida serás - perdida. 

Oh! vai-te, vai, longe embora! 
Que te lembre sempre e agora 
Que não te amei nunca... ai! não; 
E que pude a sangue-frio, 
Covarde, infame, vilão, 
Gozar-te - mentir sem brio, 
Sem alma, sem dó, sem pejo, 
Cometendo em cada beijo 
Um crime... Ai! triste, não chores, 
Não chores, anjo do céu, 
Que o desonrado sou eu. 

Perdoar-me tu?... Não mereço. 
A imundo cerdo voraz 
Essas pérolas de preço 
Não as deites: é capaz 
De as desprezar na torpeza 
De sua bruta natureza. 
Irada, te há-de admirar, 
Despeitosa, respeitar, 
Mas indulgente... Oh! o perdão 
É perdido no vilão, 
Que de ti há-de zombar. 

Vai, vai... para sempre adeus! 
Para sempre aos olhos meus 
Sumido seja o clarão 
De tua divina estrela. 
Faltam-me olhos e razão 
Para a ver, para entendê-la: 
Alta está no firmamento 
Demais, e demais é bela 
Para o baixo pensamento 
Com que em má hora a fitei; 
Falso e vil o encantamento 
Com que a luz lhe fascinei. 
Que volte a sua beleza 
Do azul do céu à pureza, 
E que a mim me deixe aqui 
Nas trevas em que nasci, 
Trevas negras, densas, feias, 
Como é negro este aleijão 
Donde me vem sangrar às veias, 
Este que foi coração, 
Este que amar-te não sabe 
Porque é só terra - e não cabe 
Nele uma ideia dos céus... 
Oh! vai, vai; deixa-me, adeus!



O relato é feito no presente, evocando o passado, embora com perspetivas futuras que não implicarão o sujeito poético;
O sujeito poético lamenta não ter amado o tu como ele o amou;
O Amor será o seu destino, será amá-la quando ela tiver outro Amor e essa será a vingança deste tu uma vez que o eu sentirá ciúme e remorso:
As perguntas de retórica apontam para a existência de teatralidade pois "questiona"  o tu sobre o que ela lhe teria dito num possível diálogo entre os dois;
Auto-critica-se mas não é vingança;
Ela terá dito que o perdoava mas ele afirma que isso seria atirar pérolas a porcos uma vez que não o merece; 
O desafio (hybris) existiu quando esta estrela desceu do céu e ele ousou fitá-la;
Marcas de Romantismo (tom confessional; teatralidade; introduz o tema ciúme; alude/refere-se ao amor sensual; mulher-anjo; referência ao Inferno);
É o eu que pede ao tu para o deixar, não é ele quem toma a iniciativa;
Semelhante à tragédia, assistimos a um conflito que conduz à catástrofe que consiste na dificuldade ou quase impossibilidade de sair da vida do eu que assim não tem paz.

Folhas Caídas (Almeida Garrett)

É uma coletânea de poesias escritas por Almeida Garrett e publicada na fase final da sua vida, em Abril de 1853, um ano antes de morrer (9 de Dezembro de 1854). Segundo diversos estudiosos, Garrett escreve a obra como forma de demonstrar seu amor a Rosa Montufar (a viscondessa da Luz).

São inúmeras as marcas românticas presentes nos poemas desta colectânea:
- Tratamento do tema dicotomia amor/paixão.
- Confessionalismo literário.
- Defesa do mito de Rousseau do bom selvagem – crença na corrupção inerente ao homem social que se opõe à sua bondade inata.
- Apologia da liberdade de sentir/amar sem quaisquer constrangimentos sociais (o casamento).
- Dicotomia da mulher-anjo/mulher fatal.
- Concepção de amor como força avassaladora, tirana e irracional.
- Presença de alguns temas e formas populares (a pesca) e a utilização da quadra (quatro versos numa estrofe) e da redondilha maior e menor (sete e cinco sílabas métricas).

A linguagem do autor é simples, por vezes coloquial e familiar, não sendo, no entanto, vulgar ou descuidada. O estilo é hiperbólico, exclamativo, socorrendo-se de inúmeros artifícios como: 

- Metáfora (Pescador da barca bela / onde vais pescar com ela…)

- Interrogação retórica (Anjo és tu ou és mulher?)

- Adjetivação expressiva (e só te quero / de um querer bruto e fero / que não chega ao coração…)

- Antítese (Não te amo, quero-te!)

- Exclamação (Olha bem estes sítios queridos! / vê-os bem neste olhar derradeiro!…)

- Personificação (olha o verde do triste pinheiro, entre muitos outros.)

Garrett assume-se nesta obra como uma personagem que dialoga (apesar de a presença do interlocutor estar apenas subentendida), dirigindo palavras de doce amor ou raiva e desespero ao objecto do seu amor/paixão, ou ainda dando conselhos a um tu que está a iniciar-se na aventura do amor. 

Romantismo - Europa e Portugal

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Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que durou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o romantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.
O termo romântico refere-se ao movimento estético, ou seja, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo.
O romantismo é a arte do sonho e fantasia. Valoriza as forças criativas do indivíduo e da imaginação popular. Opõe-se à arte equilibrada dos clássicos e baseia-se na inspiração fugaz dos momentos fortes da vida subjetiva: na fé, no sonho, na paixão, na intuição, na saudade, no sentimento da natureza e na força das lendas nacionais.
O Romantismo significou uma rotura, uma oposição ao Classicismo. O Romantismo aboliu a noção de géneros rígidos dos Clássicos; mas, em compensação, criou géneros novos, mistos:
- Domínio narrativo: o romance histórico(misto de História e de ficção; o romance psicológico(misto de psicologia e de ficção); o romance contemporâneo, de costumes( misto de sociologia e de ficção.)
- Domínio da poesia, do lirismo: a poesia intimista, a poesia filosófica e a metafisica e, sobretudo, o poema em prosa.
- Domínio dramático: a tragédia e a comédia clássicas foram substituídas pelo drama, misto de sublime e de grotesco.
Substitui a natureza e a paisagem clássicas, feitas de harmonia e luz, pela natureza romântica, feita da noite, do luar, do pôr do sol, do outono, da tempestade, do mar em revolta, do bosque sombrio, das ruínas medievais- uma natureza dinâmica e não estática, como era a natureza clássica.
Inovou a linguagem e o estilo. Apostou numa linguagem coloquial, simples, um estilo digressivo e solto, com mistura de níveis de língua, com enriquecimento lexical nos domínios da introdução de neologismos e estrangeirismos, e um notório enriquecimento nos domínios da adjectivação e da metáfora.

A primeira geração do romantismo em Portugal vai de 1825 a 1840. Seus principais autores são Almeida Garrett, Alexandre Herculano, António Feliciano de Castilho. A segunda geração, ultra-romântica, de 1840 a 1860 e tem como principais autores, Camilo Castelo Branco e Soares de Passos. A terceira geração, pré-realista, de 1860 a 1870, aproximadamente, teve como principais autores Júlio Dinis e João de Deus.
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O Contexto Político e Social do Romantismo Português

O nosso movimento romântico surgiu no contexto das lutas liberais que, a partir de 1820, constituíram o acontecimento que marcou definitivamente a nossa História política e social do século XIX e o ponto de viragem para a modernidade.

O eco das ideias da Revolução Francesa chegara já aos nossos pré-românticos, deixando marcas na sua poesia, principalmente, na poesia e vivências da Marquesa de Alorna e Bocage.

Posteriormente, na sequência das Invasões Francesas (1807-1810) as ideias liberais começaram a difundir-se e a ganhar adeptos.

Em 1820, deu-se uma revolta militar no Porto, revolta de carácter liberal, que levou a eleições para as Cortes no ano seguinte e que faz regressar o rei a Portugal. Em 1822 é jurada em Lisboa a 1ª Constituição liberal. Nesse mesmo ano, o herdeiro real, D.Pedro IV proclama a independência da colónia brasileira, da qual ele se tornou Imperador com o nome de Pedro I.

Em 1823, eclode a Vila-Francada, movimento militar reaccionário, liderado pelo Infante D.Miguel, irmão  de D.Pedro. D.Miguel, vitorioso do golpe, suspende, então, a Constituição e encerra as Cortes. Em 1824, o mesmo D.Miguel lidera novo movimento reacionário, destinado a destituir seu pai, D.João VI. 

É a altura de D. Pedro, herdeiro legítimo do trono de Portugal, renunciar ao seu título de Imperador do Brasil e vir para Portugal. Como esta era ainda menor, D. Miguel é designado regente, tendo jurado a Carta Constitucional, que o seu irmão outorgara. Pouco depois, porém, dissolveu as Cortes e fez-se nomear como rei absoluto; na sequência, novas perseguições aos liberais. Inicia-se então uma Guerra Civil, opondo absolutistas, sob comando de D. Miguel e apoiados pela Igreja e liberais, liberados por D. Pedro. A guerra prolonga-se por três anos, deixando profundas feridas entre os que a fizeram e a sofreram.

Não foi fácil, porém, o período que se seguiu, nomeadamente com as lutas politicas havidas entre os defensores da Carta Constitucional. 
No entanto, era já o final do Antigo Regime e a vitória dos novos tempos, marcados pelo poder da burguesia liberal vitoriosa. Importantes medidas foram tomadas, como a abolição dos morgadios e dos direitos senhoriais, o confisco dos bens da Igreja e a extinção das ordens religiosas.

A partir de 1851, teve lugar um movimento militar anticabralista, liderado pelo Duque de Saldanha, e incentivado por algumas grandes personalidades liberais, como Alexandre Herculano, em cuja casa, de resto, a revolução foi preparada.

Foi justamente no contexto das lutas liberais e pela consolidação da revolução liberal que se desenvolveu entre nós o Romantismo que nasceu em parte no exílio, com a chamada geração dos Românticos Vintistas.

Almeida Garrett

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João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu no Porto a 4 de Fevereiro de 1799 e faleceu em Lisboa a 9 de Dezembro de 1854. Foi um escritor  dramaturgo românticooradorpar do reino, ministro e secretário de estado honorário português.

Almeida Garrett pode definir-se como o escritor que representa um tempo que é sobretudo de transição, entre um Neoclassicismo com marcas visíveis do pensamento iluminista e um Romantismo que Garrett tratou de difundir entre nós.
Tal como acontece com outros escritores da nossa Literatura (Camões e Bocage, por exemplo), Garrett constitui uma personalidade já de si com uma dimensão verdadeiramente literária, no sentido em que é dotado de uma contextura psicológica peculiar.
Garrett convida a uma espécie de fusão entre a representação literária de temas e atitudes românticas e a vivência, no quotidiano, desses temas e atitudes – ainda que eventualmente seja difícil distinguir o que nela existe de autêntico do que é encenado.
O carácter multiforme da psicologia garrettiana muito tem que ver com uma vida literária que se desenrola sob o signo da mudança: o Neoclassicismo ao Romantismo, Garrett experimente soluções experimenta soluções estéticas inovadoras, sem nunca postergar por inteiro, é bom notar, a lição neoclássica que fora da sua formação.

O Garrett romântico manifesta-se seduzido pelos valores do Romantismo, o jovem poeta exilado fixa no prólogo do Camões princípios que regem uma criação literária dominada por procedimentos tipicamente românticos: a altiva consciência da inovação, a rejeição das regras, o primado do sentimento, o culto da independência, nos planos estéticos e político.

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