domingo, 13 de novembro de 2016

"A Um Poeta" e "Nox" - Análises

A Um Poeta

Tu, que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno,

Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno,
Afugentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio desses mares,
Um mundo novo espera só um aceno...

Escuta! é a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! São canções...
Mas de guerra... e são vozes de rebate!

Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate.


Neste soneto, o termo "Poeta" poderá remeter para a figura de um idealista, possivelmente em consonância com o espírito da época.
A referência ao espírito do mundo romântico, lúgubre e sombrio, percebe-se quando, personificando o sol, usa a metáfora em "Afugentou as larvas tumulares" (v. 6) e "Um mundo novo espera só um aceno" (v. 8). Mas o que interessa, sobretudo, é perceber que o sujeito lírico faz um apelo a todo aquele que é capaz de sonhar, mas vive alheado e num estado de inércia quando é necessária a luta revolucionária ao lado de um povo que sofre e que busca a liberdade.



Nox

Noite, vão para ti meus pensamentos, 
Quando olho e vejo, à luz cruel do dia, 
Tanto estéril lutar, tanta agonia, 
E inúteis tantos ásperos tormentos... 

Tu, ao menos, abafas os lamentos, 
Que se exalam da trágica enxovia... 
O eterno Mal, que ruge e desvaria, 
Em ti descansa e esquece alguns momentos... 

Oh! Antes tu também adormecesses 
Por uma vez, e eterna, inalterável, 
Caindo sobre o Mundo, te esquecesses, 

E ele, o Mundo, sem mais lutar nem ver, 
Dormisse no teu seio inviolável, 
Noite sem termo, noite do Não-ser! 


Um soneto (duas quadras e dois tercetos).Como o título indica, este soneto fala sobre a noite (Nox = Noite em latim). O tema deste soneto é o desejo da libertação dirigido à noite como símbolo do apaziguamento, da evasão, do inexistir.
Nas primeiras quadras o poeta invoca a noite e faz uma oposição com o dia. Nos tercetos, o poeta tenta libertar-se do mal que aparece associado com a noite que o impede de ''ver'' e de ''lutar''. Faz uma referência à "luz cruel do dia" (v.2) em que decorreram as suas lutas.
O poeta apresenta a noite como o fim eterno, ou seja, a morte. "Noite sem termo, noite do Não-ser!" (v.14). Como se sente derrotado, o poeta espera que a noite eterna adormeça e que caia sobre o mundo.

0 comentários :

Enviar um comentário

Popular Posts

Recent Posts

Unordered List

Text Widget

Com tecnologia do Blogger.

To get the latest update of me and my works

>> <<